A rede de nervos entrelaçados, conhecida como plexo braquial, desempenha um papel crucial no controle do movimento e na sensibilidade do braço e da mão. Quando ocorre uma lesão no plexo braquial, há danos a esses nervos. Isso resulta em sintomas como dor, fraqueza, diminuição da sensibilidade ou até mesmo perda de movimento na região do ombro, braço e mão.
O plexo braquial pode ser lesionado de diferentes maneiras. Por traumas diretos, causados por arma de fogo ou por estiramentos. A causa mais comum são acidentes com motocicletas. O estiramento pode ocorrer na hora ou mais frequentemente após.
Em um típico acidente com motocicleta, o ombro do motociclista se choca com o veículo. A cabeça gira para o lado oposto, estirando o plexo braquial. Dependendo da posição do braço, na hora do choque os movimentos da mão podem ser afetados.
As lesões na hora do parto são conhecidas como paralisia obstétrica e veremos em outra sessão.
O plexo braquial funciona como uma espécie de cabo. 5 deles saem da medula espinhal. Esses cabos são chamados de raízes e recebem os nomes: C5,C6,C7,C8 e T1.
Cada dupla de cabos é responsável por um grupo de movimentos. Assim C5 e C6 fazem o braço levantar e dobrar o cotovelo, enquanto C8 e T1 comandam os movimentos das mãos.
Quem tem lesão em C5 e C6, também chamado tronco superior, o movimento dos dedos está preservado, enquanto os movimentos do ombro e cotovelo estão paralisados. Ao contrário, se os movimentos do ombro e cotovelo estão normais, mas a mão não funciona, a lesão é em C8 e T1, ou no tronco inferior.
Quando depois do acidente a pessoa não mexe nada, a lesão envolve todos os nervos, isto é: C5,C6,C7,C8 e T1.
Se o plexo sofrer um estiramento leve, sem rompimento nervoso, poderá ocorrer uma paralisia, atingindo os movimentos da mão, do ombro, do cotovelo ou até mesmo afetando todo o membro.
Porém, em qualquer desses casos, deverá ocorrer uma recuperação espontânea no prazo de até 3 meses. Caso isso não ocorra, a lesão deverá ser encarada com maior preocupação.
Além da paralisia, existe uma perda natural da sensibilidade. Muitos pacientes com trauma grave, desenvolvem um quadro de dor fortíssima, geralmente na mão.
Nesse caso, mesmo perdendo sensibilidade ao toque na mão, o paciente apresenta sensação de dor espontânea em forma de queimação. O quadro é parecido com a dor do “membro fantasma”, quando persiste dor numa perna que foi amputada.
A diminuição do diâmetro da pupila (menina dos olhos) no lado da paralisia indica uma lesão gravíssima.
O paciente deve ser operado caso o movimento de dobrar o cotovelo não tenha voltado após 3 meses do acidente.
Toda cirurgia deve ser realizada antes de completar 6 meses do acidente. Após esse prazo os músculos costumam atrofiar permanentemente.
Em alguns casos podemos operar até 9 meses após acidente, porém, o sucesso no procedimento tende a ser menor.
Um outro critério de atenção é quando o braço começa a secar. Se isto ocorrer a cirurgia deve ser antecipada.
O paciente deve ser operado caso o movimento de dobrar o cotovelo não tenha voltado após 3 meses do acidente.
Toda cirurgia deve ser realizada antes de completar 6 meses do acidente. Após esse prazo os músculos costumam atrofiar permanentemente.
Em alguns casos podemos operar até 9 meses após acidente, porém, o sucesso no procedimento tende a ser menor.
Um outro critério de atenção é quando o braço começa a secar. Se isto ocorrer a cirurgia deve ser antecipada.
Quando necessita reconstrução dos movimentos do ombro e cotovelo.
Quando existe alguma raiz que não foi arrancada da medula espinhal.
Quando todas as raízes foram arrancadas da medula espinhal.
Apenas os movimentos do ombro e do cotovelo funcionam.
A cirurgia visa a reconstrução dos movimentos do ombro e cotovelo.
Fazemos transferência de nervos e enxertos de nervos.
Na transferência de nervo, ligamos um nervo que não foi afetado pelo acidente com um determinado nervo que desejamos reconstruir a função.
Nos enxertos de nervo, retiramos o nervo sural da perna do paciente, nervo este que existe a mais no corpo e pode ser retirado sem ocasionar problemas. Na região da lesão, no pescoço, removemos as partes lesionadas dos nervos substituindo-as pelos enxertos de nervo retirados das pernas.
Nestes casos, embora a paralisia seja total quase sempre existe uma raiz, geralmente C5, que não foi arrancada da medulla espinhal e pode ser enxertada.
Nas paralisias completas, o principal objetivo é reduzir a dor. Isto só ocorre se o plexo é explorado e a raíz de C5 é enxertada. Como não podemos reconstruir todos os movimentos do membro afetado, priorizamos os movimentos do ombro e do cotovelo.
O movimentos dos dedos raramente é conseguido após a cirurgia e só tentamos a reconstrução da mão em pacientes jovens operados antes dos 6 meses. Em pacientes mais idosos e operados depois dos 6 meses restaurar os nervos da mão não resulta em sucesso. Assim, não podemos desperdiçar um nervo para reconstruir a mão sabendo que isto não ocorrerá. Este nervo é então usado para reconstruir a flexão do cotovelo que tem mais chance de sucesso.
Quando todas as raízes foram arrancadas da medula espinhal a única alternativa é o uso de transferências nervosas. Nestes casos seccionamos um nervo com função pouco importante e o conectamos com um nervo de função mais importante. As prioridades nestas lesões completas sem raiz para enxertar são os movimentos do ombro e a flexão do cotovelo. Os nervos que podem ser utilizados para transferência nervosa são o acessório, intercostais, frênicos e até nervos do membro superior do lado contralateral não afetado pelo acidente.
Nestes casos os movimentos do ombro e do cotovelo funcionam, mas o movimento dos dedos está paralizado. O movimento do punho está preservado. O tratamento é feito com uso de transferências de nervo e tendão.
Não se opera o plexo braquial no pescoço e sim os nervos no braço, antebraço e mão. Na técnica que desenvolvemos transferimos o nervo do supinador para o nervo interósseo posterior para ganharmos a extensão dos dedos e polegar (i.e. abertura dos dedos) e o músculo braquial para flexionar os dedos (i.e. fechar a mão).
Como parte da mão está sem sensibilidade, na palma da mão transferimos ramos nervosos sensitivos de um lado para o outro para restaurar a sensibilidade no quinto dedo.
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